Cinema Latino na França
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Cinema Latino na França

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Cinema Latino na França

A França sempre foi uma inspiração para o cinema latino, desde seus olhares libertários como o lema que se origina na Revolução Francesa “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” que representam os valores fundamentais da Revolução e que inspiraram os princípios de independência de uma América sometida pelo jugo espanhol e portugues. A Revolução cubana de 1959 mostrou aos jovens latino-americanos que o cinema poderia ser a grande arma política e social transformadora do autoritarismo e do paternalismo americano. O Cinema francês também inspirou jovens latino-americanos que procuravam uma resposta para seu olhar da realidade, inspirados no Neorrealismo italiano e na Nova Onda Francesa (Nouvelle Vague) diretores como François Truffaut, Jean-Luc Godard, Éric Rohmer, Claude Chabrol, Alain Resnais e Agnès Varda. O Conceito “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” de Glauber Rocha e o contato entre diretores no Encontro de Realizadores Latinos no Festival de Cinema de Viña del Mar em 1967, inspirou uma nova geração de realizadores latinos a transformar a produção nacional com a inclusão de novos temas e revolucionar a cultura.

Os anos 60 foram tempos de euforia e transformação, o Brasil é o primeiro a viver um quebra institucional, em 1961, o Presidente Jânio Quadros renuncia e se produz uma crise institucional, com o vice-presidente João Goulart na China representando o Brasil, acusado de inclinações marxistas, a calma volta com um jeitinho brasileiro, implantação do parlamentarismo, Goulart retorna como presidente até o golpe de estado em março de 1964. Nos primeiros anos o exílio foi para representantes governamentais, ministros e políticos que se refugiaram na Bolívia, Chile, Uruguai e Argentina. Personalidades como o educador Paulo Freire, o economista Celso Furtado e o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, posteriormente presidente do Brasil. Após o surgimento do movimento estudantil e a luta armada, a implantação do AI-5 em 1968, obrigou muitos jovens e artistas a exilar-se no Chile e com o golpe militar de Pinochet, o destino foi ir para o velho continente em busca de proteção e liberdade. A França foi o destino de muitos artistas brasileiros, entre eles os diretores Glauber Rocha, Rogério Sganzela e Cacá Diegues, assim como os músicos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e o poeta Ferreira Gullar.

Cinema Latino na França

O exílio chileno também foi significativo após o golpe de 1973, músicos como Patricio Mans, Angel e Isabel Parra (filhos da Violeta Parra), Inti Illimani, Quilapayún e los Jaivas, representantes da Nova Canção Chilena, experimentaram um longo exílio em terras francesas. Porém os cineastas jovens chilenos que construíram um olhar novo para as imagens que Allende estava construindo com seu projeto de “A Via Chilena ao Socialismo” com empanadas e vinho tinto, vivenciaram anos de nostalgia e depressão até o retorno democrático em 1990. Diretores como Hevio Soto, Raul Ruiz, Miguel Littin, Patricio Guzmán entre tantos outros diretores espalhados pelo mundo, serão responsáveis por divulgar as atrocidades cometidas durante a ditadura militar de Augusto Pinochet.

A ditadura militar argentina aconteceu entre 1976 a 1983, com a derrota dos militares nas Malvinas e a chegada de Raúl Alfonsín ao poder. Porem já em 1974 a tríplice A (Aliança Anticomunista Argentina) já agia desde a morte de Peron e a assunção de Isabelita ao poder. Assim como brasileiros, chilenos e uruguaios, os argentinos devem empreender o caminho ao exílio após o brutal golpe de estado com mais de 30 mil desaparecidos políticos. Diretores como Fernando Solanas, que realizará uma das obras mais importantes e uma carta desde o exílio argentino, o musical “Tango, o exílio de Gardel” uma obra que sensibiliza ao espectador pela dureza e solidariedade francesa com seus irmãos latino-americanos que vivem o desterro e desgarro de um projeto de construção de uma sociedade melhor para seu país.

A França e sua solidariedade é denuncia com é a presença do jornalista Regis Debray, que entrevista a Allende em 1971, o realizador Chris Marker realiza entrevistas a Allende e ao guerrilheiro Carlos Marighela e o realizador franco-grego, Constantin Costa Gavras realiza “Estado de Sitio” no Chile de Allende em 1973, junto a Chris Marker sobre o sequestro do cônsul brasileiro Aloysio Dias Gomide e a execução do especialista em tortura, o norte-americano Dan Mitrione pelos Tupamaros. Em 1982, Gavras realizou “Missing” que ganhou o Festival de Cinema de Cannes. O filme relata os primeiros dias do golpe militar no Chile, a perseguição aos estrangeiros e o desaparecimento do jornalista norte-americano Charles Horman. Em 2007, a filha de Gavras, Julie realiza um dos filmes mais emotivos e sensíveis do cinema francês, “A culpa é de Fidel” sobre o olhar de uma garotinha, Anna de nove anos, que tem que compartilhar seus pais com os exilados políticos latino-americanos e o engajamento político dos pais que a coloca muitas vezes em segundo plano.

Mas a França não se solidariza somente com América Latina, também reconhece o seu cinema, é assim como o Festival de Cannes desde suas origens recebe, exibe e premia filmes ibéricos. Em 1946, o México venceu o festival com “Maria Candelária” de Emilio Fernández. Em 1959, o Brasil é premiado em uma coprodução francesa com “Orfeu Negro” de Marcel Camus, baseado na obra de teatro “Orfeu da Conceição” de Vinícius de Moraes. Em 1961, Espanha e México, “Veridiana” gravada no México pelo mestre Luis Buñuel, exilado desde o final da Guerra Civil Espanhola. Em 1962, “O Pagador de Promessas” do Brasileiro Anselmo Duarte e em 1982, o mencionado “Missing, o desaparecido” de Costa-Gavras. Em 2025, o filme “O Agente Secreto” do brasileiro Kleber Mendonça Filho ganhou o prêmio na categoria da crítica no 78º Festival de Cannes.

A América Latina e o agradecimento à França pela acolhida dos milhares de oprimidos que se inspiraram no lema da Revolução Francesa “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

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Viva o Cinema e o Cineclubismo Goiano e brasileiro.

 

 

Por Francisco Lillo

 


Veja Mais detalhes sobre o Cinema Latino na França:

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