MIDSOMMAR – O Mal Não Espera a Noite
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MIDSOMMAR – O Mal Não Espera a Noite

Colunas, Notícia

O filme acompanha a história de Dani (Florence Pugh) uma jovem que vive um relacionamento difícil com o namorado Cristhian (Jack Reynor) e que agora tem que enfrentar uma tragédia na família, o que a leva a uma difícil convivência social, enfrentando medo, insegurança e depressão. Mas o namorado decide apoiá-la e juntos com mais três amigos, o grupo de jovens partem para uma viagem onde irão participar de uma festividade em um vilarejo na Suécia conhecido como Midsommar, esse festival ocorre uma vez a cada 90 anos, e em meio a rituais pagãos ligados à cultura e folclores locais, os visitantes terão que lidar com práticas e costumes aterrorizantes, com um final perturbador que te deixará perplexo(a).

Escrito e dirigido por Ari Aster (Hereditário/2018) o filme é mais uma produção do estúdio A24, responsável por filmes como A Bruxa e Moonlight. Em seu novo longa metragem, o diretor ousou lançar mão de recursos, e clichês existentes em filmes do gênero, para trazer um terror que não se esconde nas sombras, que foge da aura soturna, e apresenta uma história macabra em plena luz do dia, em um ambiente campestre, com verde e flores em abundância, um exercício de associação difícil em se tratando de um filme de terror. Porém a proposta não é só subversiva, é também imersiva, uma vez que se trata de um terror psicológico, que vai expondo aos pouco fragilidades, medos e angústias de nossa protagonista.

Partindo de uma breve análise sobre relacionamentos difíceis, o filme começa apresentando situações adversas que colocam a relação de Dani e Cristhian em conflito, tendo como palco das discussões a roda de amigos que constantemente apontam o fim da relação como solução, ao passo que discutem diversas possibilidades de se divertirem somente entre eles. Mas algo trágico acontece na vida de Dani, e Cristhian precisa demonstrar apoio e decidi ajudá-la em um momento difícil, levando a namorada junto com os amigos para uma viagem, onde imaginavam encontrar algum alento e descontração ante aos traumas e problemas da garota.

 

Nem Mesmo a Luz do Dia Pode te Salvar

MIDSOMMAR – O Mal Não Espera a Noite
Sempre sorridentes e receptivos, os moradores Harda escondem suas intenções mais cruéis

Em um ambiente nada convencional para o gênero, o diretor decide contar uma história de terror a luz do dia, explorando de maneira intensa traumas e fraquezas da psique dos jovens visitantes da vila de Hårga, trata-se de um terror folclórico, pautado em ancestralidades e antropologias locais, costumes e rituais próprios, a ideia inicial é transmitir um ambiente acolhedor, receptivo, bucólico, com uma fotografia repleta de verde, horizontes e belas paisagens, contrastando com campos floridos e veste claras dos habitantes locais, até a paleta de cores fica levemente esmaecida para transmitir uma aura límpida, opaca e alva, e a medida que a trama avança as cores vão saturando até que o escarlate muda o tom trazendo a crueza e a loucura que aos poucos tomam conta da história.

MIDSOMMAR – O Mal Não Espera a Noite
Para um bom observador uma rápida olhada nas pinturas já basta.

Uma Boa Morte Pode Ser Uma Recompensa

O filme aborda temas sensíveis, traumas, medos, inseguranças e a depressão, colocando cada um em pontos específicos da narrativa, um contraponto entre o convencional na visão dos visitantes, e o simbólico representado pelos costumes e a cultura do vilarejo, Midsommar fala muito através de signos, símbolos e representações, grandes painéis, gravuras, desenhos, pinturas, ambiguidades que podem passar se não observados atentamente. A morte, o sacrifício, a dor são ricamente retratados, e mesmo a prática do suicídio é interpretada de maneira remissiva, não se admitindo a culpa ou o sofrimento, aludindo de forma pontual à fuga do sofrimento causado pelas dificuldades advindas do avanço da idade.

Ao final acompanhamos a transfiguração da protagonista, que confrontada com os medos e as angústias, consegue transpor sua jornada em meio a momentos de desespero e dor, condicionada a se opor a suas crenças e limitações. Midsommar pode ser uma metáfora sobre superação, redenção, mesmo em meio às distorções aterradoras e bizarras, a obra pode ser contextualizada, debatida e compreendida de forma antagônica às percepções e sentidos, é um filme que precisa ser discutido, antes que se torne um cult e caia no esquecimento de grandes obras incompreendidas e inacessíveis.

 

Por Ricardo França

 

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