Uma jornada sobre mágoas, redenção e feridas não cicatrizadas.
Diz o ditado: Quem ama o feio, bonito lhe parece; principalmente quando o feio, ou feia, na verdade, é Nicole Kidman totalmente transformada e envelhecida como a agente do FBI Erin Bell, No seu mais recente trabalho a australiana entrega uma atuação formidável, vivendo uma policial profundamente destruída e transtornada, resultado de uma investigação onde esteve infiltrada em uma gangue de criminosos e traficantes, mas algo de inesperado acontece e Erin agora precisa carregar os traumas e perdas resultantes do fracasso da operação. 17 anos se passam desde que a detetive Bell deixou o caso, mas acontecimentos recentes a colocam de novo no caminho dos criminosos e ela tem a chance de acertar as contas com o passado, contudo os anos de ressentimento, revolta e álcool transformaram nossa agente em uma casca quebrada e decadente, mas que irá reunir forças para colocar fim na carreira de crimes do grupo que ela um dia fez parte.
![](https://www.cinegoiania.com.br/wp-content/uploads/2019/05/peso-passado-2.jpg)
Ganhadora do Oscar de melhor atriz em 2003 em As Horas, onde viveu a escritora inglesa Virginia Woolf, Nicole também passou por uma transformação e maquiagem, aliadas a sua belíssima atuação lhe renderam a estatueta, porem o nariz proeminente em As Horas é fichinha perto do visual da atriz em O Peso do Passado, aqui Kidman está irreconhecível e muitos acreditam que mais uma vez a junção dessas situações podem novamente render uma indicação a próxima premiação em 2020.
![O Peso do Passado](https://www.cinegoiania.com.br/wp-content/uploads/2019/05/peso-passado-3.jpg)
Em o Peso do Passado a diretora Karyn Kusama (The Invitation/Garota Infernal) escolhe contar a história em duas linhas temporais, em flashbacks que mostram a detetive Bell e seu parceiro Chris, infiltrados entre os criminosos. Narrativa essa que por vezes se estende em momentos entrecortados e aleatórios ao longo de todo o filme, mostrando também detetive Bell do presente, que agora tem que lidar com os dilemas e conflitos com a filha adolescente, negligenciada pela mãe em função da vida conturbada no FBI.
O final talvez seja o que mais surpreende
O roteiro não apresenta novidades, e o que chama mesmo atenção no longa, é a atuação de Nicole, sempre absorta, isolada, num esforço tremendo para representar a forma e a essência do visual alquebrado e penitente de quem parece ter desistido de tudo, e só se mantém de pé para cumprir com o intento de por fim a tudo aquilo que lhe atormentou por vários anos. A trama reveza em poucas cenas de ação e drama, sugerindo de forma sutil aspectos do “noir”, flertando também com o trillher, contudo desliza por varias vezes ao enfatizar momentos autoexplicativos. O final talvez seja o que mais surpreende, e embalado por uma trilha sonora melancólica e introspectiva o filme se sustenta mais pelas atuações do que pelo próprio roteiro.
O filme está longe de ser um suspense de 1a linha, mas é capaz de prender a atenção, já que em nenhum momento tenciona grandeza ou pressupõe transcender o lugar comum, como dito vale a pena pelas atuações e pela direção aceitável, certamente será bem conceituado pela academia, que tende a enaltecer e premiar boas transformações e maquiagens principalmente em dramas e romances.
Será que o visual da atriz, em o Peso do Passado, pode novamente render uma indicação a próxima premiação do Oscar?
Por Ricardo França
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