Superman – Entre a Foice e o Martelo
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Superman – Entre a Foice e o Martelo

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Superman – Entre a Foice e o Martelo

Se existe uma certeza entre os fãs de super-heróis e HQ’s é que as duas melhores editoras Marvel e DC são bem distintas quando adaptam suas respectivas histórias para outras mídias, a Marvel acertou em cheio ao levar seus heróis para o cinema, já a DC sempre se destaca em adaptar as melhores histórias em animações, e a última empreitada da Warner que detêm os direitos da DC não foi diferente, Superman Red Son (Entre a Foice e o Martelo) apresenta o homem de aço, personagem icônico dos quadrinhos em uma realidade alternativa, diferente do que já conhecemos a nave do bebê kryptoniano cai na Ucrânia, durante o período da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e juntamente com a tensão da guerra fria entre EUA e União Soviética, surge um Super-Homem que luta pelos ideais comunistas contra a ameaça capitalista norte americana.

A animação é uma adaptação da minissérie de quadrinhos publicada pela DC Comics lançada sob a marca Elseworlds em 2003. O autor Mark Millar criou a história em quadrinhos com uma premissa bem interessante “e se o Superman tivesse sido criado na União Soviética?” esse questionamento levantou várias possibilidades e realidades alternativas, ele recebeu elogios da crítica e foi indicado ao Eisner Award de 2004 para melhor série limitada. Mas as implicações dessa possibilidade não afetaria apenas na nacionalidade de Kal-el, mas também no embate ideológico de dois das maiores sistemas de produção existentes, capitalismo versus socialismo. Aqui não temos o habitual herói que luta pelo ideal de liberdade, verdade e justiça, mas sim pela igualdade e pela crença no socialismo de Stalin, e pela expansão do Pacto de Varsóvia que visava unificar os países em um grande bloco socialista.

A História do Super-Homem Comunista 

Nessa versão, o jovem Kal-el não foi cuidado por uma única família, mas sim por toda uma comunidade rural na Ucrânia, portanto seu vínculo afetivo e muito forte com o povo soviético e toda a luta e trabalho, quando seus poderes finalmente se desenvolvem ele começa a interferir em conjunto com o regime soviético para moldar o mundo segundo o ideal socialista. Como em todo regime totalitário sempre surgem dissidentes e aos poucos nosso herói começa a perceber que o Estado não lida de forma muito amistosa com seus compatriotas rebeldes, e é nesse momento que o filho de Krypton se volta contra o premier Stalin e acaba assumindo o papel de líder máximo do movimento socialista. Enquanto isso do outro lado do atlântico Lex Luthor, trabalha incansavelmente para desenvolver armas e tecnologias capaz de deter a ameaça do alienígena “vermelho” aliado a forte influência de Louis Lane que é casada com Luthor e usa toda a influência das mídias para expor o Super-Homem como uma ameaça global.

Superman – Entre a Foice e o Martelo
Super-Homem e Stalin discutem sobre os rumos que o Estado deve tomar para controlar os rebeldes – Algo me diz que essa conversa não acabará bem.

 

Mas e A Liga da Justiça? 

É claro que alguns personagens estariam presentes mesmo nessa realidade torta, porém nada convencional, Mulher Maravilha é mostrada como uma diplomata representando a Ilha Paraíso, que trabalha pela paz entre os humanos e um possível affair do Superman. O Homem Morcego talvez seja o mais controverso, um sobrevivente da opressão dos gulags soviéticos, surge como um terrorista que enverga o símbolo do morcego em função dos muitos anos vivendo nos túneis escuros das minas de carvão, e após a queda de Stalin vê no Superman uma nova ameaça que deve ser detida a fim de levar liberdade e a tomada do Estado pelos rebeldes. Lex Luthor chega a presidência dos EUA trabalhando incansavelmente para desenvolver uma arma capaz de derrotar seu principal inimigo, e vai contar com a ajuda do coronel Hal Jordan e sua tropa de Lanternas. Após encontrar uma nave alienígena com um ser trazendo um misterioso anel, o presidente incumbe o militar da aeronáutica de juntar seus melhores homens armados com o poder dos anéis para enfrentar o superser soviético e a ameaça comunista.

Superman – Entre a Foice e o Martelo
Batman Vs Superman – Não importa a realidade, esses dois sempre arrumam um jeito de sair no braço.

 

O Embate Final – Comunismo e Capitalismo Lados Diferentes de Uma Mesma Moeda

Tentar não entrar no discurso político presente é quase impossível, e a ideia talvez seja mostrar que não existe regime livre de excessos ou bom o suficiente para agradar a todos, e nesse ponto Brainiac tem um papel importante, surgindo habitualmente como o androide alienígena que miniaturiza cidades a fim de obter conhecimento, após ser derrotado por Superman sua tecnologia passa a ser utilizada por ele para de “certa forma” conter os dissidentes do regime, embora Kal-el acredite que a influência mental sobre as pessoas seja menos ofensiva que o trabalho forçado e a morte dos rebeldes por Stalin, aos poucos ele descobre ao enfrentar Luthor que por sua vez também havia sido influenciado por Brianiac e que agora se revelava um inimigo comum da humanidade, que na verdade tanto os soviéticos quanto os norte americanos ansiavam antes de tudo o poder e o controle sob os mais fracos, e talvez essa seja a grande “lição” mostrada no enredo.

Por fim com a derrota de Brainiac, ambos os lados da disputa cedem a grande pressão advinda dos conflitos e da recessão que assola o mundo pós guerra fria, as reflexões sobre a liberdade que os homens precisam para aprender com os próprios erros é facilmente assimilada, talvez o entrave em toda essa discussão foi que a versão comunista do Super-Homem na verdade foi escrita por norte americanos, confesso que fiquei ansioso para ver um Superman que tivesse sido realmente pensado por alguém de origem russa, e que retratasse um personagem livre dos excessos e maniqueísmo ideológico. Contudo essa animação já garantiu com louvor um lugar de destaque como uma das mais importantes adaptações da DC Comics e que sirva de prumo moral para que as futuras gerações entendam um pouco do passado recente da nossa geopolítica, e de como regimes e governos autoritários jamais serão uma saída para os problemas da humanidade.

 

 

Por Ricardo França

 

 

 


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